Fotografia de paisagens: o que é a técnica do cartão preto
A técnica do cartão preto é utilizada para conseguir fotos bem expostas em situações onde um pedaço da foto está muito mais claro que o outro. Usamos essa técnica principalmente em momentos como no nascer do sol ou pôr do sol, quando a exposição do céu fica muito diferente da exposição da paisagem. Usar o cartão preto é uma forma fácil de já ter uma foto bem exposta sem precisar contar com o pós-processamento.
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Vamos ver um exemplo? As fotos abaixo foram feitas um pouco antes do nascer do sol. Quando eu queria que o céu tivesse detalhes, ela ficou assim:
Para conseguir os detalhes da paisagem, no entanto, tive que aumentar o tempo de exposição. Consegui os detalhes do banco… Mas perdi o céu:
Usando a técnica do cartão preto consigo uma foto que tem a exposição correta tanto no céu quanto na paisagem:
Como fazer isso na prática?
A técnica é muito simples: com a câmera em um tripé, você segura um objeto preto na frente da lente, cobrindo a metade mais clara da foto. No final da exposição, é só tirar o objeto e deixar a parte mais clara ter sua exposição correta.
Vamos para um passo a passo mais detalhado:
1. Faça a medição da fotometria tanto para a parte clara quanto para a parte escura, mudando somente o tempo de exposição. No exemplo da foto acima, usando ISO 100 e f/8, tive uma exposição de 30 segundos para a paisagem e de 3 segundos para o céu.
2. Escolha a exposição mais longa (neste caso 30 segundos) e coloque o cartão preto na frente da lente. Cubra somente a parte mais clara do quadro. Olhe pelo visor ou use o LCD para checar se o cartão está cobrindo a parte que você quer.
3. Aperte o botão do obturador para começar a fazer a foto. Conte os segundos que se passaram e, quando faltarem os segundos da exposição mais curta, tire o cartão de frente da lente! Contar de cabeça pode ser um pouco complicado, então use um cronômetro (como o do celular.) No caso da foto de exemplo tirei o cartão quando meu cronômetro chegou em 27 segundos (30 segundos da exposição da paisagem menos 3 segundos da exposição do céu.)
4. Pronto. Sua foto foi feita usando duas exposições diferentes e ficou linda! :-)
Dicas importantes
Essa técnica só funciona com exposições longas, pois é humanamente impossível tirar o cartão no meio de uma exposição de, digamos, meio segundo.
O nome é “cartão preto” mas você pode usar qualquer coisa que bloqueie a exposição do sensor da câmera: só precisa ser um objeto plano, preto e fosco. Nestes exemplos usei um caderninho de anotações com capa preta que sempre carrego comigo, mas pode ser um caderno, um livro ou até uma roupa!
Se você tem um disparador remoto é uma boa ideia utilizá-lo: você pode selecionar a opção bulb e contar o tempo direto no cronômetro.
Enquanto está segurando o cartão na frente da lente, tente fazer pequenos (bem pequenos mesmo) movimentos circulares para que a foto não saia com uma linha muito definida da diferença de exposição.
Outras técnicas
Existem filtros que fazem algo muito parecido com esta técnica: são os filtros graduados de densidade neutra (ou, simplesmente, ND-grad.) Neste post explico mais sobre eles. Eles também compensam a exposição de uma metade do quadro. A vantagem do filtro é a facilidade de uso. As desvantagens são:
- Limite de stops (normalmente só até 3 stops.)
- Localização do gradiente (dá pra colocar o cartão mais pra cima e mais pra baixo, ao contrário do filtro, se este for circular.)
- Tem quem não goste de colocar filtros na lente para não perder a qualidade ótica.
Também dá pra lidar com situações de grande diferença de luz na edição. A forma mais conhecida é usando a técnica HDR (aqui você pode ver um guia que escrevi sobre esta técnica.) Se a diferença de luz for em áreas espalhadas pela imagem, é legal usar HDR. Se for uma diferença bem definida, no entanto, usar o cartão preto pode ser mais prático pois a foto já sai pronta.