ir para a página inicial ddf / o guia completo da fotografia

Parte 2: técnica

Como controlar a luz

Embora nossas câmeras tenham muitos botões, somente três configurações determinam a exposição de uma foto: a abertura, o tempo de exposição e o ISO.

Se mesmo mexendo nessas três configurações você não conseguir uma foto bem exposta, o jeito será alterar os fatores externos (o horário do dia, a posição do assunto fotografado, o uso de iluminação artificial ou o tipo de lente utilizada.)

Abertura do diafragma

A primeira configuração que vamos conhecer para controlar a exposição é a abertura do diafragma. Já vimos, no tópico sobre lentes, que o diafragma fica dentro da sua lente e é assim:

Ilustração do diafragma de uma lente

Na hora que fazemos a foto, a luz passa por este buraquinho indicado pela seta. Quanto maior ele ficar, mais luz entra. Quanto menor ele ficar, menos luz entra. Ele funciona como a pupila do nosso olho: “abre” para permitir a passagem de mais luz e “fecha” para limitar a luz que passa por ele.

A abertura do diafragma é medida em um valor chamado “f”. Quanto menor o valor f, mais aberto estará o diafragma (isso pode confundir um pouco a princípio, mas logo você se acostuma.) Ou seja: a abertura f/2.8 deixa entrar mais luz do que a abertura f/11.

Já vimos que cada modelo de lente tem aberturas máximas diferentes. As lentes com valores f menores (como f/1.4 e f/2.8) permitem maior entrada de luz, sendo uma ótima escolha em situações de baixa luminosidade. Por conta disso, estas lentes costumam ser chamadas carinhosamente de lentes claras. Já as lentes que apresentam valores f maiores (acima de f/5.6) deixam passar menos luz. Essas são chamadas (não tão carinhosamente) de lentes escuras.

Abertura e profundidade de campo

Além de definir a quantidade de luz que chega no sensor, a abertura do diafragma é o principal fator que define a profundidade de campo, conhecida também como DOF (do inglês depth of field.) A profundidade de campo define o quanto os objetos à frente e atrás do foco principal estarão focados também.

Veja, nas fotos abaixo, como a alteração na abertura altera também o desfoque do fundo:

Quatro fotos, usando aberturas que vão ficando cada vez maiores, e o fundo vai se desfocando cada vez mais.

Uma maior profundidade de campo significa que mais coisas atrás e à frente do seu foco principal ficarão definidas. Uma menor profundidade de campo significa que aquilo que estiver atrás ou à frente do seu foco principal ficará cada vez com menor definição.

E o que a abertura do diafragma tem a ver com isso? Aberturas maiores causam menor profundidade de campo, e vice-versa. Veja a relação nas fotos feitas no espelho, abaixo, em que é possível ver tanto o diafragma quanto o desfoque maior ou menor do fundo:

Animação mostrando uma câmera fotografando o espelho usando diferentes aberturas.
Relação entre abertura e profundidade de campo.

Você já deve ter visto retratos em que o fundo está totalmente embaçado: isso é resultado do uso de uma abertura bem grande.

Retrato de mulher com cabelos ondulados de olhos fechados e sorriso suave.
Ivone (ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/500)

Fotos de paisagem, por sua vez, costumam ter bastante coisa em foco. A abertura menor é um dos fatores que permitem isso.

Foto de paisagem carioca com muitas montanhas, a Lagoa e o corcovado à esquerda.
Rio de Janeiro/RJ (ISO 100, 22mm, f/20, 1/400)

Note que, no retrato, a abertura usada foi f/1.4. Já na foto de paisagem, a abertura estava em f/20.

2. Tempo de exposição

Na frente do sensor das nossas câmeras, existe uma pequena cortina, responsável por definir por quanto tempo o sensor será exposto à luz. Este é o obturador.

Ilustração mostrando um sensor escondido pela cortina e, ao lado, a cortina se abrindo e expondo uma parte do sensor

Quanto mais tempo a cortina ficar aberta, mais luz vai entrar e chegar no sensor. Menos tempo, menos luz.

Note que a cortina e o diafragma são coisas diferentes. Quando apertamos o botão disparador, a cortina (na frente do sensor) abre durante o tempo de exposição que definimos. Enquanto isso, o diafragma (na lente) fica do tamanho que definimos. Após o tempo determinado, a cortina fecha e a exposição é finalizada. Tudo isso pode acontecer muito – mas muito muito muito muuuuito - rápido. A abertura define o tamanho do buraquinho do diafragma, e a cortina definirá o tempo de exposição.

Existem diferentes tipos de obturador, a depender do tipo de câmera. Veja, no vídeo abaixo, esse processo acontecendo em uma câmera DSLR:

Vídeo mostrando a cortina em frente ao sensor se abrindo e se fechando.
Em câmera lenta vemos a cortina se abrindo, expondo o sensor, e fechando logo em seguida (Fonte).

Curiosidade: sabe aquele barulhinho que ouvimos ao “bater” uma foto? É o barulho da cortina se fechando. Repare, no vídeo acima, como ela “bate” ao fechar. Os smartphones imitam o mesmo som (de mentirinha, claro, pois a câmera do celular não possui uma cortina mecânica!)

O tempo de exposição se mede em segundos e em frações de segundo. Quando você selecionar uma fração de segundo (como 1/250), sua câmera mostrará somente o número de baixo da fração (neste caso, 250.) Quando você selecionar um segundo, ou mais, ela mostrará o número seguido de aspas (como 2” para dois segundos, ou 30” para 30 segundos.)

Tempo de exposição e movimento

Além de definir quanta luz chega no sensor, é com o tempo de exposição que criamos efeitos que mostram ou congelam o movimento:

Uma foto de cachoeira com tempo de exposição curto mostra cada detalhe da água. Ao lado, foto da mesma cachoeira com tempo de exposição longo mostra a cachoeira em névoa.

Ao fazer uma exposição bem rápida, é possível congelar o momento que está a nossa frente. Ao fazer uma exposição mais longa, tudo que se move irá ficar embaçado. Você pode usar isso ao seu favor para dar a sensação de movimento.

Usar um tempo de exposição lento aumenta as chances de você tremer a foto com o próprio movimento das mãos. Nessas ocasiões, o ideal é utilizar um tripé. Para saber qual é o tempo de exposição mínimo necessário para fazer fotos sem tripé, você pode usar como base a distância focal: em uma lente de 50mm, use ao menos 1/50 segundos. Em uma lente 200mm, ao menos 1/200 segundos. Este é um cálculo aproximado: faça testes para descobrir o tempo mínimo que consegue usar sem tremer.

Relação abertura e tempo de exposição

Para entender de vez o uso da abertura e do tempo de exposição no controle da luz, considere a analogia bem famosa do balde de água. Você tem duas opções para encher um balde:

  1. Deixar a torneira gotejando, e encher o balde em mais tempo.
  2. Abrir totalmente a torneira, e encher o balde em menos tempo.

As duas opções enchem o balde da mesma maneira! É assim que iremos usar a abertura e o tempo de exposição: ao invés de água, estamos deixando passar a luz. Temos uma infinidade de combinações possíveis de aberturas e tempos de exposição que, além de definirem a quantidade de luz que chega no sensor, também resultam em diferentes efeitos.

3. ISO

O sensor precisa de uma quantidade ideal de luz para formar uma foto. Já vimos que controlamos essa luz com a abertura do diafragma e com o tempo de exposição. Porém, se a configuração desses dois itens não for suficiente para conseguir a luz necessária, podemos forçar o sensor a trabalhar com menos luz do que ele gostaria, aumentando a sua sensibilidade. Essa sensibilidade é representada pelo valor ISO.

Foto de uma câmera mirrorless aproximada no botão redondo usado para determinar o ISO.
Nesta Fujifilm X-T5, o ISO é definido por um botão seletor giratório (Fonte).

Quanto maior o ISO, mais sensível à luz ficará o sensor. Quando temos uma situação de luz abundante, deixamos o ISO mais baixo para que a foto não fique superexposta. Quando temos pouca luz, deixamos o ISO mais alto para que a foto não fique subexposta.

Dica: A sigla ISO remete à organização que define normas diversas, desde o famoso ISO 9001 de qualidade empresarial, até o padrão de sensibilidade de filmes e sensores. No passado, cada fabricante de filme usava um padrão para indicar a sensibilidade dos filmes, o que confundia todo mundo. A norma internacional padronizou essa medida.

Os valores mínimos e máximos de ISO variam de acordo com modelos de câmeras. Normalmente você vai encontrar valores de 100 a 6400, podendo também encontrar intervalos maiores.

Aumentar a sensibilidade do sensor pode parecer a solução milagrosa para resolver a exposição de qualquer foto, certo? Mas, é claro, subir o ISO tem consequências: a qualidade e a nitidez da foto diminuem se comparadas à sensibilidade ideal do sensor. Quanto mais alto o valor ISO, mais ruído (aberrações em forma de grão) teremos na foto final, por exemplo:

Foto de uma paisagem ao entardecer. Parte da imagem está aproximada e mostra o ruído.

Essas três configurações - a abertura, o tempo de exposição e o ISO - nos permitem determinar a exposição de uma foto. Mas, na hora do vamos ver, como saber se preciso deixar passar mais ou menos luz? Se preciso expor o sensor por mais ou menos tempo? Se preciso baixar ou subir o ISO? É sobre isso que falaremos no próximo tópico.

Última revisão em: Set/2025

tópico anterior
Escrevendo com luz

Próximo tópico
Fotometria

Índice completo