As artes visuais são constituídas por elementos que, unidos, formam uma imagem. Seja uma fotografia, uma gravura ou uma pintura, todas as expressões visuais são feitas destes que são conhecidos como elementos formais.
Gosto de dividir essas partes que formam o todo em delimitações dimensionais (ponto, linha, forma e volume) e sensações visuais (cor, luz e textura). Podemos dizer que esses elementos estão para as artes visuais assim como a nota, o timbre e a altura estão para a música.
E, embora a fotografia tenha nascido com uma certa responsabilidade de representar a realidade, ela também pode ser abstrata. Observar (e fazer) arte abstrata é um bom jeito de se familiarizar com a essência dos elementos que formam uma imagem: a forma pela forma.

Ponto, linha, forma, volume
A fotografia é uma representação de duas dimensões. Nela, utilizamos elementos como o ponto e a linha (que possuem uma e duas dimensões) e, muitas vezes, simulamos o volume do mundo tridimensional usando perspectiva e contrastes.

As linhas - sejam literais ou insinuadas – de uma fotografia podem ser curvadas, anguladas ou retas. As formas também se diferenciam entre as mais orgânicas ou mais geométricas. A imprevisibilidade dos elementos curvos costuma remeter às formas da natureza, enquanto a ordem dos elementos retos e geométricos nos remete à artificialidade e à criação humana.
“A linha reta pertence ao ser humano, a curva pertence a Deus.” - Gaudí
Linhas e formas nos ajudam na representação figurativa. E não é preciso muito: somente o gesto de um corpo já nos remete à figura humana, por exemplo.


Cor, luz, textura
A cor é um dos elementos mais poderosos e versáteis. Ela varia em matiz, saturação e brilho. Podemos usar as cores em uma foto para criar sensações específicas, para destacar partes da imagem ou criar equilíbrio com suas combinações.
A matiz é o que diferencia as cores entre si no espectro da luz visível. Cada cor também varia em saturação (intensidade ou “vivacidade”) e em brilho (claro/escuro). Juntando as possíveis combinações desses três parâmetros temos uma infinidade de variações, o que explica a versatilidade desse elemento.
Brinque com o seletor de cores abaixo variando matiz, saturação e brilho para entender como cada um influencia na cor final:
Podemos criar diferentes sensações a depender da temperatura das cores: as quentes (avermelhadas/amareladas) trazem uma sensação de aconchego e calor. As cores frias (azuladas/esverdeadas) trazem mais sensação de distância e frieza.
Perceba que a relação entre a temperatura da cor conforme vimos na parte da técnica (medida em Kelvins) e a sensação de temperatura ligada à cor é oposta! Quando a temperatura de cor é mais alta, ela vai resultar em uma aparência mais azulada (uma “cor fria”). Quando a temperatura de cor é mais baixa, o resultado será um aparência mais amarelada (uma “cor quente”). São conceitos diferentes e podem confundir um pouco.


Podemos criar destaque em partes específicas da foto usando uma combinação de cores (principalmente se usarmos poucas delas). Duas combinações interessantes são as de cores análogas e cores complementares.
Cores análogas são aquelas que ficam próximas no círculo cromático. Usando cores análogas criamos uma unidade harmônica dos elementos da foto.
Cores complementares são aquelas localizadas de forma oposta no círculo cromático. Usando cores complementares criamos um constraste e conseguimos destacar partes específicas da imagem.
Além da cor, podemos usar uma variação de brilho para compor as imagens. Este é o jogo entre o claro e o escuro. As fotos em preto e branco dependem bastante deste elemento, já que não possuem as outras dimensões da cor.

Por fim, temos também a textura. Esse elemento, na fotografia, é normalmente simulado. A exceção é quando falamos de fotografias impressas ou mesmo obras híbridas. Mas, vamos ser sinceros: hoje a maioria das fotografias é vista através de telas.
Usamos, então, as cores e a luz para simular a textura que desejamos criar ou evidenciar na nossa imagem.


Espaço e movimento
Costumamos separar uma imagem em dois espaços: o espaço positivo e o espaço negativo. O espaço positivo é o assunto principal, enquanto o espaço negativo nos ajuda a conduzir o olhar para este assunto.
O espaço negativo é como o ar: ele envolve o assunto principal, sem chamar atenção para si. Ele é neutro e serve para dar mais atenção ao assunto. Ao navegar o olhar pela imagem, procuramos os espaços positivos.

Na fotografia e no design este espaço negativo é usado para dar destaque ao assunto principal. O maior erro de quem está começando é ter medo de deixar espaços vazios. Mas lembre-se que quanto mais espaço vazio, mais destaque você dá para o assunto principal, e não o contrário! Não tenha medo do vazio.

Por fim, um elemento que também pode ser representado visualmente é o movimento. Aqui falamos tanto do movimento representado (no espaço e no tempo) quanto do movimento que a pessoa observadora faz ao percorrer os olhos pela imagem.

Última revisão em: Set/2025