A fotografia foi inventada em 1839 e viveu mais de um século sem as cores. O que era uma limitação técnica acabou se tornando uma característica dessa linguagem. Quando a tecnologia para o registro de cores foi desenvolvida, a fotografia em P&B já estava bastante estabelecida. Por um lado, surgiu o habitual conservadorismo diante da novidade. Por outro, houve a tentativa de seguir diferenciando a fotografia da pintura. Henri Cartier-Bresson (1908-2004) engrossava o coro dos que afirmavam que a cor pertencia à pintura e não à fotografia1.

Mas, mesmo com essa resistência inicial, as cores foram chegando de fininho. A partir da década de 1960 a fotografia colorida ganhou espaço e, desde então, podemos dizer que venceu a batalha: hoje ela é unanimidade. É raro encontrarmos um filme, um outdoor ou um editorial de moda em P&B. A fotografia colorida tornou-se o padrão enquanto a opção pelo P&B virou uma estética reservada para nichos específicos. Mas, embora as cores nos permitam registrar o mundo com uma maior precisão (será?), as fotos em preto e branco seguem fascinando muita gente.

Eu sou uma estusiasta da foto em P&B e concordo com Harold Baquet que, quando perguntado o motivo de gostar deste estilo, disse:
“É aquilo do menos ser mais. Às vezes a cor distrai do que é essencial. Às vezes só luz, linha e forma são o suficiente, e te permitem explorar as qualidades esculturais da terceira dimensão […]” 2
Como já vimos no texto sobre os elementos formais, a cor é um elemento que gera inúmeras possibilidades. Abrir mão dessas possibilidades é um caminho em direção à simplicidade na composição. E eu, que sempre tive meu coração nos retratos, penso que essa simplicidade permite mais destaque para as emoções e expressões das pessoas retratadas.

Última revisão em: Set/2025