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Parte 3: composição

Fotos de longa exposição

Uma cachoeira toda aveludada, uma rua em que se vê o traço das luzes dos carros, um lugar cheio de pessoas borradas demonstrando o movimento… Todas essas são fotos feitas aproveitando os efeitos da longa exposição.

Foto de cima de uma estação de trem movimentada. Se vê placas e algumas pessoas congeladas, e várias outras em movimento, das quais só vemos o traço.
Gare Saint-Lazare, por Frank Hovart (1959) [*]

É bem fácil realizar esse tipo de foto: é só colocar a câmera em um tripé e usar um tempo de exposição longo. Desta forma tudo que se mexe na cena irá ficar borrado, criando o efeito de movimento desejado.

Foto de uma praia com as ondas embaçadas e três figuras humanas também embaçadas.
Black sand beach, Islândia. ISO 100, 200mm, f/32, 0.4”

Primeiro você deixa o ISO no mínimo (normalmente é o ISO 100 ou 200) e a abertura mais fechada que sua lente permitir (normalmente fica entre f/22 e f/29). Para chegar na fotometria adequada, precisamos então compensar a pouca entrada de luz causada pelo ISO baixo e pela menor abertura com o tempo de exposição bem longo.

Foto de praia com pedras no primeiro plano, vista da cidade e de montanhas ao fundo.
Rio de Janeiro/RJ. ISO 100, 8mm (olho de peixe), f/22, 1”

Você vai perceber que fica fácil fazer longa exposição à noite. Mas é bem mais complicado quando existe luz demais (como durante o dia ou mesmo no amanhecer ou anoitecer.) Às vezes, mesmo deixando o ISO lá em baixo e o diafragma bem fechadinho, ainda tem luz demais. Aí o tempo de exposição não é longo o suficiente para conseguir o efeito borrado que procuramos.

A solução? Aquele filtro sobre o qual já conversamos na parte sobre equipamentos: o filtro de densidade neutra (ND). Tudo que ele faz é deixar passar menos luz para a câmera, permitindo que você use exposições mais longas sem mudar outras características da foto.

Foto de uma grande cachoeira aveludada, com uma pessoa bem pequena na parte inferior observando a água.
Skogafoss, Islândia. ISO 100, 21mm, f/29, 0.3”

Se você não tem um filtro ND ainda sobram duas opções: usar outros filtros que também deixam passar menos luz (como o filtro polarizador) ou fotografar em RAW superexpondo a foto para arrumar depois na pós-produção. É trapaça, mas o negativo digital consegue manter muitas informações então pode ser uma alternativa pra quando não temos outra escapatória. Foi o que fiz nesta foto:

A foto à esquerda está superexposta e mostra uma cachoeira com pedrinhas à frente, já a foto da direita é a mesma imagem editada com ajuste de exposição e em preto e branco.

E se eu não levar o tripé?

É quase impossível fazer longuíssimas exposições sem tripé, mas às vezes dá pra dar um jeito. Tripé é assim: quando você fica com aquela preguicinha de carregar o danado é exatamente quando vai aparecer a oportunidade para usá-lo!

Como não gosto de carregar muitos trambolhos isso acontece bastante comigo. Nesse caso, costumo fazer o seguinte: primeiro apoio a câmera em um lugar sólido e firme (na falta de algo assim na locação você pode sentar no chão e usar o joelho como apoio.) Depois, na hora de clicar, prendo a respiração e aperto o disparador sem soltá-la até o fim da foto.

Não é sempre que funciona, mas depois de uma ou duas tentativas é possível que você tenha sucesso!

Foto de uma cachoeira em meio à mata, com pedras cheias de limo à sua volta.
Veranópolis/RS. ISO 100, 22mm, f/29, 1.6”

A foto sai tremida mesmo com tripé?

Ao apertar o botão disparador você pode fazer a câmera tremer. O ideal, neste caso, é ter um disparador remoto. Ele permite que você aperte um botão longe da câmera, evitando que ela se mexa. A maioria das câmeras atuais permite a conexão da câmera com o smartphone, via wifi, para usar um app como disparador remoto.

Não tem um disparador remoto ou app? Dá para ligar o temporizador da câmera, dando um tempo para ela se estabilizar do seu apertão no disparador antes de começar a exposição.

E mais um detalhe: se a sua lente tem estabilizador, é importante desligá-lo sempre que estiver usando o tripé.

Longuíssimas exposições

Um dos estilos de longa exposição que leva o “longa” a sério é a solarigrafia. Nela, se utiliza uma câmera pinhole para expor uma foto por meses e registrar, assim, a variação da trajetória do sol no céu.

Na foto se vê uma árvore e, atrás dela, vários rastros do sol fazendo uma imagem quase abstrata.
Foto com exposição de 366 dias, por Marcel Rogge (2022)

Última revisão em: Set/2025

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